quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Como é que as DROGAS funcionam?

As drogas são essencialmente venenos. A quantidade utilizada determina o efeito. Uma pequena quantidade atua como um estimulante (acelera a pessoa). Uma grande quantidade atua como sedativo ( desacelera a pessoa). Uma quantidade ainda maior de veneno pode matá-lo.
Isto é verdade para qualquer droga. Apenas a quantidade necessária para alcançar o efeito difere.
As drogas bloqueiam todas as sensações, tanto as desejáveis como as indesejáveis. Enquanto as drogas têm um valor de curto prazo para resolver a dor, elas aniquilam as capacidades e o estado de alerta e turvam o pensamento de uma pessoa.
Medicamentos são drogas que pretendem acelerar ou desacelerar ou mudar alguma coisa sobre o modo como o corpo está funcionando para tentar fazê-lo funcionar melhor. Por vezes elas são necessárias. Mas elas continuam a ser drogas: elas atuam como estimulantes ou sedativos e demasiados podem matá-lo. Deste modo se os medicamentos não são usados como devem ser usados, eles podem ser tão dolorosos como drogas ilegais.

AS DROGAS AFETAM A MENTE
Normalmente, quando a pessoa se lembra de alguma coisa, a mente é muito rápida e a informação vem à pessoa rapidamente. Mas as drogas embaraçam a memória, causando lugares em branco. Quando uma pessoa tenta obter informação através desta confusão nebulosa, ela não o consegue fazer. As drogas fazem as pessoas sentirem-se lentas ou estúpidas e fazem a pessoa falhar na vida. E quanto mais fracassos ele tem na vida, mais difícil a vida se torna, ele deseja mais a droga como desejo de lidar com o problema ou de fugir dele.
Isto pode distorcer as percepções do toxicómano sobre o que está acontecendo a sua volta. Como um resultado, as ações da pessoa podem parecer muito estranhas ou irracionais. Ela pode até tornar-se violenta.

AS DROGAS DESTROEM A CRIATIVIDADE
Uma mentira dita sobre as drogas é que elas ajudam uma pessoa a ser mais criativa. A verdade é muito diferente. A verdade é que as drogas destroem a criatividade. isto deve-se aos efeitos que as drogas e toxinas têm na resposta emocional da pessoa para a vida.
Uma pessoa que se sinta triste pode usar drogas na esperança de se sentir feliz, mas isto não funciona. A cocaína, por exemplo, põe a pessoa numa espécie de alegria falsa, mas quando o efeito da droga termina, ele ou ela vai ainda mais para baixo do que estava antes. E cada vez a emoção cai mais e mais para baixo. Eventualmente as drogas irão destruir completamente toda a criatividade que a pessoa tem.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Acupuntura no tratamento da Dependência Química

Acupuntura usada no tratamento de dependentes químicos no Piauí, por enfermeira italiana, será modelo para o resto do Brasil
Usada quase de forma clandestina na China para o tratamento de dependentes de ópio por causa da perseguição dos traficantes, a acupuntura é usada, com êxito, no tratamento de usuários de drogas na comunidade terapêutica Terra da Esperança, que a entidade não-governamental Fazenda da Paz mantém em Timon (MA).

Na Terra da Esperança, o uso da acupuntura é feita pela enfermeira e terapeuta Anna Belleno, nascida em Veneza e formada pela Universidade de Enfermagem, que trabalha um dia por semana fazendo sessões com os dependentes químicos.
“A acupuntura ajuda muita a gente, principalmente durante o período de abstinência quando a gente fica muito ansioso e não consegue dormir”, afirma Antônio Filho, um dos coordenadores da Terra da Esperança e ex-dependente químico.
Anna Belleno disse que a acupuntura serve para o tratamento de dependentes químicos por várias razões porque é usada para dimunir a compulsão pelas drogas.
“Quando os dependentes químicos entram em uma casa terapêutica, eles sempre enfrentam uma crise de abstinência e a grande maioria deixou de usar drogas na porta do escritório para vir para cá. Eles já entram em uma estado que leva à crise de abstinência, quando aumenta o nervosismo, a ansiedade, aumentam o desejo e aquela ânsia compulsiva de querer consumir drogas e a acupuntura e o tratamento com florais de Bach, em conjunto, para o controle das emoções”, declarou Anna Belleno.
Segundo ela, os florais de Bach trabalham sobretudo com o controle das emoções e atinge os órgãos que foram afetados com o uso de drogas.
Anna Belleno disse que, em conjunto, a acupuntura e os florais de Bach melhoram os órgãos afetados com o uso de drogas como o cérebro, o pulmão e fígado.
A acupuntura age como estímulo. Na orelha, que tem o formato de um feto invertido, existe comunicação com todos os órgãos do corpo. O lóbulo corresponde à cabeça e o resto da orelha corresponde a todo o corpo.
“Na orelha nós encontramos todos os pontos referenciais do organismo humano. Quando a gente coloca a agulha naquele lugar é referente a um órgão e aquele órgão é ligado a uma emoção. Eles atuam por estímulo, vão estimulando o órgão”, falou Anna Belleno.
O lóbulo da orelha corresponde à face da pessoa, os olhos, o maxilar e tem um ponto relacionado à tensão. A tensão leva, às vezes, a ranger os dentes por causa da pressão com o maxilar, também tem um ponto relacionado com a hipertensão, o que permite baixar a pressão arterial.
Dentro da concha da orelha existem os pontos referentes aos rins, o próprio cérebro. Na esquina da orelha tem os pontos correspondentes a todo o tronco cerebral.´Também existem os pontos referentes ao coração, que trabalham a calma e isso é usado para o tratamento dos dependentes químicos.
Os florais de Bach, originados na Inglaterra, são a inspiração dos florais de Minas, que são usados na Terra da Esperança. “Os primeiros que surgiram foram os florais de Bach. Esse conceito se espalhou e inspirou os florais de Minas.
Neste caso, os dependentes químicos tomam gotinhas de florais de Minas, que trabalham o princípio energético da pessoa. “No tratamento se parte do princípio que nós estamos trabalhando com emoções desequilibradas. Equilibrando as emoções se equilibra todo o organismo. Quem tem esse poder de equilibrar as emoções e o organismo são determinadas flores. Foi um médico que descobriu, ele tinha estudado a razão de que algumas pessoas tomam os remédios e ficam bons e outros não, que um medicamento não cura todas as pessoas. Isso porque atrás de uma doença tem uma emoção mal resolvida, mal digerida e mal trabalhada. O médico conseguiu trabalhar essas flores. Cada flor trabalha uma emoção e eles vão em conjunto trabalhar o princípio energético das pessoas”, informou Anna Belleno.
Ela administra os florais de Bach com gotinhas colocadas diretamente na boca ou diluída em um pouco de água para trabalhar a ansiedade extrema, o nervosismo e a postura de dificuldade de aceitar as coisas por causa da própria ansiedade.
Anna Belleno orienta que durante as terapias os dependentes químicos em tratamento fiquem descalços durante o aquecimento por saber que as palmas das mãos e o sola dos pés recebem e emitem energia. As plantas dos pés são as que mais eliminam energia. As sandálias de borracha que as pessoas usam são isolantes. Os dependentes químicos caminham descalços na areia para dispersão das energias negativas e absorção das energias positivas.
“Quando se elimina o negativa se absorve o positivo que vem da própria natureza, do chão, do ar e do verde que está em redor. Saem as energias negativas que eles trazem pelo uso de drogas, o negativismo, o aborrecimento, a raiva, o sentimento de mágoa. Isso é jogado fora e vem a energia positiva, que é o otimismo, a natureza, o verde, o respirar, a vontade de mudar de vida, de vencer e de sentir importante. É preciso se carregar da energia do universo que é favorável à vida”, declarou Ana Belleno.
Embaixador da China no Brasil vai falar sobre uso da acupuntura para o tratamento da dependência de drogas
O senador piauiense Wellington Dias (PT) afirmou que na China a acupuntura no controle do vício de ópio. O uso da acupuntura para o tratamento de dependentes de ópio teve êxito e, por isso, traficantes da droga mataram acupunturistas que usavam suas técnicas para retirar as pessoas do vício.
Wellington Dias informou que o embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi, vai ser convocado pela Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas para falar sobre o uso da acupuntura no tratamento dos dependentes químicos. O objetivo da exposição é sobre o uso da acupuntura na redução das reações que o organismo apresenta durante as crises de abstinência.
“Na China, o grande problema é o ópio e o governo começou a usar uma política utilizando a acupuntura voltada para a cura do vício do ópio e teve uma reação dos traficantes no sentido de matar os profissionais de acupuntura. Hoje ainda existe o sistema, mas de forma muito reservada”, falou Dias.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Efeitos do fumo para o bebê são piores do que se imaginava

Filhos de mães que fumaram durante a gravidez correm 40% mais riscos de ter problemas de desenvolvimento. Mães brasileiras fizeram parte do estudo
Fumo aumenta em 40% as chances de recém-nascido ter problemas de desenvolvimento.
“Dada a importância da saúde na primeira infância e do desenvolvimento neuropsicomotor, as intervenções orientadas para reduzir o fumo pré-natal podem resultar em melhorias significativas no desenvolvimento da criança”
George Wehby, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Iowa e autor principal do estudo:
Bebês que nasceram de mães que fumaram durante a gravidez correm mais riscos de enfrentarem atrasos no desenvolvimento neurobiológico do que pesquisas apontavam anteriormente. Publicado no periódico científico Journal of Human Capital, um estudo da Universidade de Iowa, que analisou inclusive mulheres brasileiras, mostra que o fumo aumenta em 40% as chances de um recém-nascido — entre três meses e 24 meses de idade — ter problemas de desenvolvimento. Os efeitos são mais graves entre crianças de famílias mais pobres.
“O estudo destaca os perigos do fumo pré-natal”, disse George Wehby, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Iowa e coordenador do estudo. “Esperamos que ele dê mais destaque para a necessidade de desencorajar as mulheres grávidas a fumar.”
No total, foram estudadas 1.600 crianças de clínicas de saúde da Argentina, Brasil e Chile. Para chegar aos resultados, os pesquisadores perguntaram às mães sobre seu consumo de cigarro. Além disso, eles também fizeram exames neurológicos nas crianças, o que incluiu testes cognitivos, avaliação da comunicação e da função neurológica básica. Aproximadamente 11% das mulheres que participaram do estudo fumaram durante a gravidez.
Segundo os pesquisadores, crianças pobres eram as mais afetadas que as outras porque as mães tinham tendência a fumar mais. “Ter um melhor nível socioeconômico pode compensar alguns dos efeitos adversos de fumar, como por exemplo, a adoção de hábitos mais saudáveis e melhor acesso ao pré-natal”, disse Wehby.
Estudos anteriores já demonstraram as conseqüências do fumo em crianças. Nenhum deles, porém, conseguiu isolar o fumo de outros fatores de risco. Por exemplo, grávidas que fumam também são mais propensas a consumir bebidas alcoólicas e a ter outros comportamentos que são danosos aos bebês.
No estudo, os pesquisadores também levaram em conta as localizações geográficas das mães. Isso foi importante porque o local onde elas moram pode influenciar diretamente no preço dos cigarros e as políticas de fumo.
“Dada a importância da saúde na primeira infância e do desenvolvimento neuropsicomotor, as intervenções orientadas para reduzir o fumo pré-natal podem resultar em melhorias significativas no desenvolvimento da criança”, disse Wehby.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Craqueiras e craqueiros

Não seria mais sensato construir clínicas pelo país com pessoal treinado para lidar com dependentes?
A CONTRAGOSTO, sou daqueles a favor da internação compulsória dos dependentes de crack.
Peço a você, leitor apressado, que me deixe explicar, antes de me xingar de fascista, de me acusar de defensor dos hospícios medievais ou de se referir à minha progenitora sem o devido respeito.
A epidemia de crack partiu dos grandes centros urbanos e chegou às cidades pequenas; difícil encontrar um lugarejo livre dessa praga.
Embora todos concordem que é preciso combatê-la, até aqui fomos incapazes de elaborar uma estratégia nacional destinada a recuperar os usuários para reintegrá-los à sociedade.
De acordo com a legislação atual, o dependente só pode ser internado por iniciativa própria. Tudo bem, parece democrático respeitar a vontade do cidadão que prefere viver na rua do que ser levado para onde não deseja ir. No caso de quem fuma crack, no entanto, o que parece certo talvez não o seja.

No crack, como em outras drogas inaladas, a absorção no interior dos alvéolos pulmonares é muito rápida: do cachimbo ao cérebro a cocaína tragada leva de seis a dez segundos. Essa ação quase instantânea provoca uma onda de prazer avassalador, mas de curta duração, combinação de características que aprisiona o usuário nas garras do traficante.
Como a repetição do uso de qualquer droga psicoativa induz tolerância, o barato se torna cada vez menos intenso e mais fugaz. Paradoxalmente, entretanto, os circuitos cerebrais que nos incitam a buscar as sensações agradáveis que o corpo já experimentou permanecem ativados, instigando o usuário a fumar a pedra seguinte, mesmo que a recompensa seja ínfima; mesmo que desperte a paranoia persecutória de imaginar que os inimigos entrarão por baixo da porta.
A simples visão da droga enlouquece o dependente: o coração dispara, as mãos congelam, os intestinos se contorcem em cólicas e a ansiedade toma o corpo todo; podem surgir náuseas, vômitos e diarreia.
Quebrar essa sequência perversa de eventos neuroquímicos não é tão difícil: basta manter o usuário longe da droga, dos locais em que ele a consumia e do contato com pessoas sob o efeito dela. A cocaína não tem o poder de adição que muitos supõem, não é como o cigarro cuja abstinência leva o fumante ao desespero esteja onde estiver.
Vale a pena chegar perto de uma cracolândia para entender como é primária a ideia de que o craqueiro pode decidir em sã consciência o melhor caminho para a sua vida. Com o crack ao alcance da mão, ele é um farrapo automatizado sem outro desejo senão o de conseguir mais uma pedra.
Veja a hipocrisia: não podemos interná-lo contra a vontade, mas devemos mandá-lo para a cadeia assim que ele roubar o primeiro transeunte.
A facção que domina a maioria dos presídios de São Paulo proíbe o uso de crack: prejudica os negócios. O preso que for surpreendido fumando apanha de pau; aquele que traficar morre. Com leis tão persuasivas, o crack foi banido: craqueiras e craqueiros presos que se curem da dependência por conta própria.
Não seria mais sensato construirmos clínicas pelo país inteiro com pessoal treinado para lidar com dependentes? Não sairia mais em conta do que arcar com os custos materiais e sociais da epidemia?
É claro que não sou ingênuo a ponto de acreditar que, ao sair desses centros de tratamento, o ex-usuário se tornaria cidadão exemplar; a doença é recidivante. Mas pelo menos ele teria uma chance. E se continuasse na cracolândia?
E, se ao receber alta contasse com apoio psicológico e oferta de um trabalho decente, desde que se mantivesse de cara limpa documentada por exames periódicos rigorosos, não aumentaria a probabilidade de permanecer em abstinência?
Países, como a Suíça, que permitiam o uso livre de drogas em espaços públicos, abandonaram a prática ao perceber que a mortalidade aumenta. Nós convivemos com cracolândias a céu aberto sem poder internar seus habitantes para tratá-los, mas exigimos que a polícia os prenda quando nos incomodam. Existe estratégia mais estúpida?
Faço uma pergunta a você, leitor, que discordou de tudo o que acabo de dizer: se fosse seu filho, você o deixaria de cobertorzinho nas costas dormindo na sarjeta?

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Drogas e o Sistema Cerebral de Recompensa

Não podemos falar de como as drogas funcionam em nosso cérebro sem falar em um sistema existente nele chamado sistema cerebral de recompensa.
Este sistema é responsável por armazenar memórias prazerosas e desta forma contribuir para a perpetuação da espécie. Sendo assim, é por ele que também passam todos os tipos de vícios.
As substâncias psicoativas influenciam diretamente este sistema, e logo é possível perceber porquê se transformam em vício podendo desenvolver a dependência química.
Em qualquer atividade prazerosa que realizamos nosso cérebro libera neurotransmissores para armazenar a memória deste prazer. No caso das drogas elas podem imitar a ação destes neurotransmissores ou simplesmente impedir sua ação.
Os mais importantes neurotransmissores são:

- Norepinefrina: está relacionado com a vivacidade, a concentração, as emoções positivas e a analgesia (supressão da dor). Em baixa dosagem, pode acarretar depressão e falta de atenção; em alta impulsividade e ansiedade. As bolinhas e os remédios para emagrecer (anfetaminas) podem camuflar os efeitos da norepinefrina.

- Dopamina: encontrada em altos níveis no sistema límbico, é considerada molécula do prazer. Seu efeito principal é produzir euforia. Em excesso ocasiona comportamento psicótico, incluindo alucinação e paranóia. A cocaína imita o efeito da dopamina.

-Serotonina: está relacionada com as alterações de humor, com as compulsões e outros comportamentos inadequados. Os alucinógenos em geral interagem com os receptores da serotonina.

- Acetilcolina: necessária a capacidade de aprendizado , à memória, ao humor e ao sono. A nicotina imita a deste neurotransmissor.

- Gaba (ácido gaba-aminobutírico): inibidor das células amplamente disponível no cérebro. O álcool e os barbitúricos mimetizam os efeitos do gaba.

O que acontece é que as drogas enganam o organismo desequilibrando todo seu funcionamento saudável. A droga libera recompensa sem a necessidade de comportamentos positivos, significa muita recompensa para pouco esforço. Como a droga libera muito mais prazer do que qualquer outra atividade prazerosa (por exemplo comer chocolate, praticar exercícios físicos, atividades sexuais) logo o organismo entende que precisa da droga para manter sua sobrevivência assim como precisa se alimentar. Quando um indivíduo diz: “uso droga porque quero” pode na verdade estar camuflando o vício. A droga cria no organismo uma relação de pequena causa (pouco esforço para consumir a droga) e muita consequência (grande prazer). Desta forma, a droga engana o circuito de recompensa, fazendo-se passar por neurotransmissores que trabalham para receber a gratificação, traindo a natureza biológica do ser humano.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Os efeitos do crack no organismo


Forma menos pura da cocaína, o crack tem um poder infinitamente maior de gerar dependência, pois a fumaça chega ao cérebro com velocidade e potência extremas. Ao prazer intenso e efêmero, segue-se a urgência da repetição.
Além de se tornarem alvo de doenças pulmonares e circulatórias que podem levar à morte, os usuários se expõem à violência e a situações de perigo que também podem matá-lo.

Consequências para a saúde

Jornal de Santa Catarina e A Notícia

Intoxicação pelo metal

O usuário aquece a lata de refrigerante para inalar o crack. Além do vapor da droga, ele aspira o alumínio, que se desprende com facilidade da lata aquecida. O metal se espalha pela corrente sanguínea e provoca danos ao cérebro, aos pulmões, rins e ossos.

Fome e sono

O organismo passa a funcionar em função da droga. O dependente quase não come ou dorme. Ocorre um processo rápido de emagrecimento. Os casos de desnutrição são comuns. A dependência também se reflete em ausência de hábitos básicos de higiene e cuidados com a aparência.

Pulmões

A fumaça do crack gera lesão nos pulmões, levando a disfunções. Como já há um processo de emagrecimento, os dependentes ficam vulneráveis a doenças como pneumonia e tuberculose. Também há evidências de que o crack causa problemas respiratórios agudos, incluindo tosse, falta de ar e dores fortes no peito

Coração

A liberação de dopamina faz o usuário de crack ficar mais agitado, o que leva a aumento da presença de adrenalina no organismo. A consequência é o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. Problemas cardiovasculares, como infarto, podem ocorrer

Ossos e músculos

O uso crônico da droga pode levar à degeneração irreversível dos músculos esqueléticos, chamada rabdomiólise.

Sistema neurológico

Oscilações de humor: o crack provoca lesões no cérebro, causando perda de função de neurônios. Isso resulta em deficiências de memória e de concentração, oscilações de humor, baixo limite para frustração e dificuldade de ter relacionamentos afetivos. O tratamento permite reverter parte dos danos, mas às vezes o quadro é irreversível
Prejuízo cognitivo: pode ser grave e rápido. Há casos de pacientes com seis meses de dependência que apresentavam QI equivalente a 100, dentro da média. Num teste refeito um ano depois, o QI havia baixado para 80
Doenças psiquiátricas: em razão da ação no cérebro, quadros psiquiátricos mais graves também podem ocorrer, com psicoses, paranoia, alucinações e delírios

Sexo

O desejo sexual diminui. Os homens têm dificuldade para conseguir ereção. Há pesquisas que associam o uso do crack à maior suscetibilidade a doenças sexualmente transmissíveis, em razão do comportamento promíscuo que os usuários adotam.

Morte

Pacientes podem morrer de doenças cardiovasculares (derrame e infarto) e relacionadas ao enfraquecimento do organismo (tuberculose). A causa mais comum de óbito é a exposição à violência e a situações de perigo, por causa do envolvimento com traficantes, por exemplo.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Internação Involuntária

A internação involuntária do dependente, uma importante ferramenta, é autorizada por lei; na rua, jamais se libertará da escravidão do seu vício
A violência assusta a todos nós.
O sono interrompido por meliantes invadindo nosso lar. O semáforo que tarda a sinalizar a luz verde, submetendo-nos a intermináveis momentos de tensão ao nosso redor. Os filhos que saem de casa para se expor aos perigos urbanos, gerando em nós a angústia da espera.
Pior que a própria insegurança, só mesmo sua inquietante sensação. Dados recentes do IBGE apontam que 35,7% dos lares brasileiros possuem grade em suas portas ou janelas. Quem tem condições se protege como pode.
O rentável mercado da segurança privada floresce, alimentando a indústria do medo. Blindagem de automóveis, condomínios fechados, vigilância particular em ruas e residências e mundos interiores fechados esvaziam espaços públicos e ceifam a convivência social, sombreados pelo fantasma da criminalidade. Na gênese disso tudo está a disseminação ilícita das drogas.
Triunfantes em sua batalha na mente do jovem, os entor pecentes têm dragado vidas ainda incipientes ao abismo da dependência sem volta. Antecedidas, em regra, por um histórico de desprezo, maus-tratos, abandono, abuso sexual, comportamento omisso ou inadequado dos pais ou responsáveis, ou mesmo pela falta de perspectiva de projetos positivos, crianças e adolescentes perambulam pelas cracolândias da vida em busca de drogas baratas e mortais.
Há uma dupla vitimização: do viciado, impelido pelo incontrolável desejo de consumo, que acaba por se tornar um delinquente, e dos inocentes, que por uma infelicidade cruzam seu caminho durante a ação criminosa.
Nessa perspectiva, o uso indevido de drogas deve ser reconhecido como fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade (lei nº 11.343/2006, art. 19, inciso I).
A internação involuntária do dependente que perdeu sua capacidade de autodeterminação está autorizada pelo art. 6º, inciso II, da lei nº 10.216/2 001 como meio de afastá-lo do ambiente nocivo e deletério em que convive.
Tal internação é importante instrumento para sua reabilitação. Na rua, jamais se libertará da escravidão do vício. As alterações nos elementos cognitivo e volitivo retiram o livre-arbítrio. O dependente necessita de socorro, não de uma consulta à sua opinião.
A internação compulsória por ordem judicial pressupõe uma ação efetiva e decidida do Estado no sentido de aumentar as vagas em clínicas públicas criadas para esse fim, sob pena de o comando legal inserto na lei nº 10.216/2001 tornar-se letra morta.
Espera-se que o poder público não se porte como um mero espectador, sob o cômodo argumento do respeito ao direito de ir e vir dos dependentes químicos, mas, antes, faça prevalecer seu direito à vida.