quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

CODEPENDÊNCIA, O QUE É?

“Não é fácil encontrar a felicidade em nós mesmos, mas é impossível encontrá-la em outro lugar”. (Agnes Repplier).

Embora a palavra codependência tenha seu surgimento datado em 1979, já era uma realidade há muito mais tempo presente na vida de inúmeras pessoas. Porém, somente algum depois foi-se nomear este tipo de comportamento bastante comum em familiares de pessoas acometidas pela dependência química.

Obviamente olharemos para a codependência dentro desta realidade da drogadição, mas faz-se importante ressaltar que não é um comportamento exclusivo de pessoas próximas a usuários de álcool e outras drogas. A codependência é um comportamento que se estabelece em inúmeras relações interpessoais.

A medida em que os especialistas começaram a entender melhor sobre este assunto, mais pessoas pareciam possuí-la: filhos adultos de alcoolicos, pessoas que se relacionavam com outras mentalmente perturbadas, pessoas em relacionamentos com doentes crônicos, pais de crianças com problemas de comportamentos, pessoas em relacionamento com  outras pessoas com comportamento irresponsável, enfermeiros, assistentes sociais e outros profissionais que ajudam outras pessoas. Até mesmo alcoólicos e dependentes químicos em recuperação perceberam que eles mesmos eram codependentes e talvez fossem muito antes de se tornarem dependentes químicos.

Mas, afinal? Qual a definição exata de codependência?

Bom, se entendermos a dependência química como ser dependente (psicológica e/ou fisicamente) de álcool e/ou outras drogas a codependência pode ser entendida como ser um parceiro na dependência.

Robert Subby, em seu livro, escreveu uma definição exata do que se entende por codependencia: “Uma condição emocional, psicológica e comportamental que se desenvolve como resultado da exposição prolongada de um indivíduo a – e à prática de – um conjunto de regras opressivas que evitam a manifestação aberta de sentimentos e a discussão direta de problemas pessoais e interpessoais”.

O fato é que existe um denominador razoavelmente comum para codependencia: ter um relacionamento pessoal ou profissional com pessoas perturbadas, carentes ou dependentes. Outro denominador comum mais frequente e observado na dinâmica familiar de dependentes químicos são as regras silenciosas e não escritas que se estabelecem e ditam o ritmo dos relacionamentos. Tais regras PROIBEM a discussão de problemas, a expressão aberta de sentimentos, a comunicação honesta e direta, as expectativas realistas, o egoísmo, a vulnerabilidade, a imperfeição, confiar em outras pessoas e em si mesmo, brincar e divertir-se.

De modo geral, o que se pode observar é que o codependente (na realidade que nos interessa) muitas vezes dá lugar para o dependente ser dependente de álcool e/ou outras drogas dentro da dinâmica familiar. Por isto, se faz tão pertinente que as famílias sejam acompanhadas e recebam a devida atenção e monitoramento quando seu ente está em tratamento. O codependente pode ser facilmente identificado nesta família e receber as orientações necessárias, pois seu padrão de comportamento também lhe gera dor e sofrimento.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Maconha aumenta o risco de psicose

Pessoas que consumiram maconha na adolescência ou no início da vida adulta enfrentam maior risco de apresentar sintomas de psciose mais tarde, afirma um estudo recém-divulgado.


A pesquisa, realizada pelo professor Jim van Os, da Universidade de Maastricht, da Holanda, foi feita na Alemanha, e contou ainda com pesquisadores da Suíça e da Grã-Bretanha. A psicose é uma desordem mental na qual o indivíduo perde o contato com a realidade. O estudo, publicado na revista especializada British Medical Journal, acompanhou um total de 1.923 pessoas ao longo de um período de dez anos. Apesar de as relações entre maconha e psicose já serem conhecidas, ainda não estava claro se era a maconha que desencadeava os sintomas dessa condição ou se as pessoas se sentem propensas a consumir a droga devido a seus sintomas. A pesquisa indica que a primeira hipótese é a mais provável.

Estudo

Os participantes da pesquisa tinham entre 14 e 24 anos. Eles foram avaliados em períodos distintos para aferir possíveis relações entre o uso de maconha e de manifestações de sintomas psicóticos.

O primeiro período estudado foi feito três anos após o início da pesquisa. A segunda amostragem ocorreu oito anos depois que a pesquisa começou. E a conclusão ocorreu dez anos após o começo do estudo.

Os pesquisadores colocaram os que já fumavam maconha em um grupo e excluíram os que apresentavam um quadro pré-existente de psicose, para que pudessem melhor estabelecer as ligações entre novos usuários de maconha e a apresentação de sintomas da doença.

A pesquisa também teria mostrado que aqueles que já fumavam maconha na época do começo da pesquisa enfrentariam riscos mais elevados de apresentar sintomas psicóticos persistentes.

Aumento

O estudo concluiu que o uso de maconha aumenta ”significativamente” a incidência de sintomas psicóticos, mesmo quando outros fatores, como situação sócio-econômica, o uso de outras drogas e de condições psiquiátricas estão em jogo.

Além de afirmarem que o uso da maconha é um fator de risco para o desenvolvimento de sintomas psicóticos, os cientistas envolvidos com a pesquisa disseram também que ”o uso repetido de maconha pode aumentar o risco de sofrer desordens psicóticas por ter impacto na persistência dos sintomas”.

De acordo com Robin Murray, professor de pesquisa psiquiátrica do Instituto de Psiquiatria da Grã-Bretanha, a pesquisa representa ”mais um tijolo no muro de provas”, de que o uso da maconha contribui para formas de psicoses como a esquizofrenia. Segundo Murray, a pesquisa é um dos dez estudos similares que apontam nessa mesma direção.

O direito de não usar drogas

Ronaldo Laranjeira, professor titular de Psiquiatria da Unifesp, é coordenador do Instituto Nacional de Políticas do Álcool e Drogas (Inpad) do CNPq

Recentemente, divulgou-se a opinião sobre o futuro da política de drogas no Brasil do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que defende maior liberdade de uso da maconha. Fernando Henrique disse que um mundo sem drogas é inimaginável, expressando a visão da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia. Ao alegar que a sociedade conviverá sempre com as drogas, defende com uma clara distorção da racionalidade a ideia de que isso deveria tornar os usuários imunes ao sistema criminal. Teríamos uma inovação na área dos direitos humanos, na qual todos nós deveríamos ter o direito de continuar usando drogas ilícitas, independentemente das consequências negativas para o indivíduo e para a sociedade. Por essa visão, seria um abuso dos direitos individuais qualquer constrangimento ao uso de drogas.
No Brasil, a lei que regula o consumo de substâncias (Lei nº 11.343/2006) trouxe mudanças significativas, com menor rigor penal para o usuário. Ainda não se sabe se produziu alguma diminuição do consumo de drogas. Todas as evidências indicam o contrário. Em relação à maconha e à cocaína, somos um dos poucos países do mundo onde o consumo está aumentando. No mínimo, essa nova lei não impediu esse aumento. Estamos com maior liberdade para usar drogas, mas os usuários continuam tão desinformados e desassistidos de tratamento quanto antes.
A defesa do direito ao uso de drogas é uma visão por demais simplista e não leva em consideração a complexidade do uso de substâncias, em particular as modificações que o uso de drogas provoca no sistema nervoso central. Parte-se do princípio de que todos os usuários de drogas teriam plenas capacidades de decidir sobre o seu consumo. Não podemos afirmar que todos os que usam drogas estejam comprometidos quanto ao seu julgamento, mas podemos argumentar que uma parte significativa dos usuários apresenta diminuição de sua capacidade de tomar decisões.
As drogas que produzem dependência alteram a capacidade de escolher quando, quanto e onde usar. É ilusório pensar que um dependente químico tenha total liberdade sobre o seu comportamento e possa decidir plenamente sobre a interrupção do uso. É por isso que os dependentes persistem no comportamento, com grandes prejuízos individuais, para sua família e para a sociedade.
Se, por um lado, a opinião de Fernando Henrique carece de legitimidade com relação aos direitos humanos básicos, pois não existe um direito ao uso de drogas ilícitas, por outro, temos aspectos do debate que não foram mencionados. Por exemplo: existe uma relação entre saúde e direitos humanos. As Nações Unidas e a Organização Mundial da Saúde desenvolveram recentemente o conceito de que todos deveriam ter o direito ao mais alto padrão de saúde possível (right to the highest attainable standard of health). É um conceito relativamente novo, com não mais de dez anos. Afasta-se de declarações vagas sobre saúde e responsabiliza a sociedade e o sistema de saúde pela implementação de políticas que garantam a qualidade dos cuidados.
Recentemente o Estado de São Paulo deu um bom exemplo de garantia do mais alto padrão de saúde possível ao proibir o fumo em todos os ambientes fechados. O que se garantiu nessa nova lei não foi o direito de fumar, mas o direito de a maioria da população ser preservada do dano da fumaça. Mesmo os fumantes têm o seu direito a um mais alto padrão de saúde garantido ao ser estimulado a fumar menos. Esse foi um exemplo de como é possível termos intervenções governamentais que preservem o direito à saúde e ao mesmo tempo sinalizem uma intolerância ao consumo de uma droga que mata um número substancial de cidadãos.
Experiências de sucesso em outros países apontam na direção de combinar estratégias, do setor de Justiça com o setor educacional e de saúde, para que se obtenham melhores resultados. Leis que sejam respeitadas e fiscalizadas tendo como objetivo o bem comum. A Lei Seca, que proíbe o beber e dirigir, identifica o indivíduo e impõe sanções, também pode ser um exemplo, pelo número de vidas salvas até o momento. O fato de se criar uma intolerância com o fumar ou com o beber e dirigir em nenhum momento produziu desrespeito aos cidadãos que fumam ou bebem.
No Brasil não temos uma política de prevenção do uso de drogas. Deixamos os milhões de crianças e adolescentes absolutamente sem nenhum tipo de orientação sobre prevenção do uso de substâncias. Fornecemos muito mais informações sobre o meio ambiente do que com os cuidados de saúde. Temos uma boa política de prevenção ambiental, mas não temos com relação às drogas. Não temos um sistema de tratamento compatível com a magnitude do problema, deixando milhares de usuários completamente desassistidos.
O tema proposto por Fernando Henrique Cardoso é importante, traz a oportunidade de debatermos que tipo de política construir para a próxima geração. Queremos uma sociedade em que o uso de drogas seja um direito adquirido? Ou queremos uma sociedade muito mais ativa, em que o sistema de Justiça funcione em sintonia com os sistemas de saúde e educacional e possamos criar ações baseadas em evidências científicas para diminuir o custo social das drogas?
Talvez um mundo sem drogas jamais exista. Como também não existirá um mundo sem crimes ambientais ou sem violações dos direitos humanos. Isso, no entanto, não é desculpa para descartar o ideal e continuar a lutar pelo objetivo de um mundo melhor. Tolerar as drogas, banalizar o seu consumo não é a melhor opção para uma sociedade que valorize a saúde e os melhores valores de respeito à dignidade humana.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Como é que as DROGAS funcionam?

As drogas são essencialmente venenos. A quantidade utilizada determina o efeito. Uma pequena quantidade atua como um estimulante (acelera a pessoa). Uma grande quantidade atua como sedativo ( desacelera a pessoa). Uma quantidade ainda maior de veneno pode matá-lo.
Isto é verdade para qualquer droga. Apenas a quantidade necessária para alcançar o efeito difere.
As drogas bloqueiam todas as sensações, tanto as desejáveis como as indesejáveis. Enquanto as drogas têm um valor de curto prazo para resolver a dor, elas aniquilam as capacidades e o estado de alerta e turvam o pensamento de uma pessoa.
Medicamentos são drogas que pretendem acelerar ou desacelerar ou mudar alguma coisa sobre o modo como o corpo está funcionando para tentar fazê-lo funcionar melhor. Por vezes elas são necessárias. Mas elas continuam a ser drogas: elas atuam como estimulantes ou sedativos e demasiados podem matá-lo. Deste modo se os medicamentos não são usados como devem ser usados, eles podem ser tão dolorosos como drogas ilegais.

AS DROGAS AFETAM A MENTE
Normalmente, quando a pessoa se lembra de alguma coisa, a mente é muito rápida e a informação vem à pessoa rapidamente. Mas as drogas embaraçam a memória, causando lugares em branco. Quando uma pessoa tenta obter informação através desta confusão nebulosa, ela não o consegue fazer. As drogas fazem as pessoas sentirem-se lentas ou estúpidas e fazem a pessoa falhar na vida. E quanto mais fracassos ele tem na vida, mais difícil a vida se torna, ele deseja mais a droga como desejo de lidar com o problema ou de fugir dele.
Isto pode distorcer as percepções do toxicómano sobre o que está acontecendo a sua volta. Como um resultado, as ações da pessoa podem parecer muito estranhas ou irracionais. Ela pode até tornar-se violenta.

AS DROGAS DESTROEM A CRIATIVIDADE
Uma mentira dita sobre as drogas é que elas ajudam uma pessoa a ser mais criativa. A verdade é muito diferente. A verdade é que as drogas destroem a criatividade. isto deve-se aos efeitos que as drogas e toxinas têm na resposta emocional da pessoa para a vida.
Uma pessoa que se sinta triste pode usar drogas na esperança de se sentir feliz, mas isto não funciona. A cocaína, por exemplo, põe a pessoa numa espécie de alegria falsa, mas quando o efeito da droga termina, ele ou ela vai ainda mais para baixo do que estava antes. E cada vez a emoção cai mais e mais para baixo. Eventualmente as drogas irão destruir completamente toda a criatividade que a pessoa tem.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Acupuntura no tratamento da Dependência Química

Acupuntura usada no tratamento de dependentes químicos no Piauí, por enfermeira italiana, será modelo para o resto do Brasil
Usada quase de forma clandestina na China para o tratamento de dependentes de ópio por causa da perseguição dos traficantes, a acupuntura é usada, com êxito, no tratamento de usuários de drogas na comunidade terapêutica Terra da Esperança, que a entidade não-governamental Fazenda da Paz mantém em Timon (MA).

Na Terra da Esperança, o uso da acupuntura é feita pela enfermeira e terapeuta Anna Belleno, nascida em Veneza e formada pela Universidade de Enfermagem, que trabalha um dia por semana fazendo sessões com os dependentes químicos.
“A acupuntura ajuda muita a gente, principalmente durante o período de abstinência quando a gente fica muito ansioso e não consegue dormir”, afirma Antônio Filho, um dos coordenadores da Terra da Esperança e ex-dependente químico.
Anna Belleno disse que a acupuntura serve para o tratamento de dependentes químicos por várias razões porque é usada para dimunir a compulsão pelas drogas.
“Quando os dependentes químicos entram em uma casa terapêutica, eles sempre enfrentam uma crise de abstinência e a grande maioria deixou de usar drogas na porta do escritório para vir para cá. Eles já entram em uma estado que leva à crise de abstinência, quando aumenta o nervosismo, a ansiedade, aumentam o desejo e aquela ânsia compulsiva de querer consumir drogas e a acupuntura e o tratamento com florais de Bach, em conjunto, para o controle das emoções”, declarou Anna Belleno.
Segundo ela, os florais de Bach trabalham sobretudo com o controle das emoções e atinge os órgãos que foram afetados com o uso de drogas.
Anna Belleno disse que, em conjunto, a acupuntura e os florais de Bach melhoram os órgãos afetados com o uso de drogas como o cérebro, o pulmão e fígado.
A acupuntura age como estímulo. Na orelha, que tem o formato de um feto invertido, existe comunicação com todos os órgãos do corpo. O lóbulo corresponde à cabeça e o resto da orelha corresponde a todo o corpo.
“Na orelha nós encontramos todos os pontos referenciais do organismo humano. Quando a gente coloca a agulha naquele lugar é referente a um órgão e aquele órgão é ligado a uma emoção. Eles atuam por estímulo, vão estimulando o órgão”, falou Anna Belleno.
O lóbulo da orelha corresponde à face da pessoa, os olhos, o maxilar e tem um ponto relacionado à tensão. A tensão leva, às vezes, a ranger os dentes por causa da pressão com o maxilar, também tem um ponto relacionado com a hipertensão, o que permite baixar a pressão arterial.
Dentro da concha da orelha existem os pontos referentes aos rins, o próprio cérebro. Na esquina da orelha tem os pontos correspondentes a todo o tronco cerebral.´Também existem os pontos referentes ao coração, que trabalham a calma e isso é usado para o tratamento dos dependentes químicos.
Os florais de Bach, originados na Inglaterra, são a inspiração dos florais de Minas, que são usados na Terra da Esperança. “Os primeiros que surgiram foram os florais de Bach. Esse conceito se espalhou e inspirou os florais de Minas.
Neste caso, os dependentes químicos tomam gotinhas de florais de Minas, que trabalham o princípio energético da pessoa. “No tratamento se parte do princípio que nós estamos trabalhando com emoções desequilibradas. Equilibrando as emoções se equilibra todo o organismo. Quem tem esse poder de equilibrar as emoções e o organismo são determinadas flores. Foi um médico que descobriu, ele tinha estudado a razão de que algumas pessoas tomam os remédios e ficam bons e outros não, que um medicamento não cura todas as pessoas. Isso porque atrás de uma doença tem uma emoção mal resolvida, mal digerida e mal trabalhada. O médico conseguiu trabalhar essas flores. Cada flor trabalha uma emoção e eles vão em conjunto trabalhar o princípio energético das pessoas”, informou Anna Belleno.
Ela administra os florais de Bach com gotinhas colocadas diretamente na boca ou diluída em um pouco de água para trabalhar a ansiedade extrema, o nervosismo e a postura de dificuldade de aceitar as coisas por causa da própria ansiedade.
Anna Belleno orienta que durante as terapias os dependentes químicos em tratamento fiquem descalços durante o aquecimento por saber que as palmas das mãos e o sola dos pés recebem e emitem energia. As plantas dos pés são as que mais eliminam energia. As sandálias de borracha que as pessoas usam são isolantes. Os dependentes químicos caminham descalços na areia para dispersão das energias negativas e absorção das energias positivas.
“Quando se elimina o negativa se absorve o positivo que vem da própria natureza, do chão, do ar e do verde que está em redor. Saem as energias negativas que eles trazem pelo uso de drogas, o negativismo, o aborrecimento, a raiva, o sentimento de mágoa. Isso é jogado fora e vem a energia positiva, que é o otimismo, a natureza, o verde, o respirar, a vontade de mudar de vida, de vencer e de sentir importante. É preciso se carregar da energia do universo que é favorável à vida”, declarou Ana Belleno.
Embaixador da China no Brasil vai falar sobre uso da acupuntura para o tratamento da dependência de drogas
O senador piauiense Wellington Dias (PT) afirmou que na China a acupuntura no controle do vício de ópio. O uso da acupuntura para o tratamento de dependentes de ópio teve êxito e, por isso, traficantes da droga mataram acupunturistas que usavam suas técnicas para retirar as pessoas do vício.
Wellington Dias informou que o embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi, vai ser convocado pela Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas para falar sobre o uso da acupuntura no tratamento dos dependentes químicos. O objetivo da exposição é sobre o uso da acupuntura na redução das reações que o organismo apresenta durante as crises de abstinência.
“Na China, o grande problema é o ópio e o governo começou a usar uma política utilizando a acupuntura voltada para a cura do vício do ópio e teve uma reação dos traficantes no sentido de matar os profissionais de acupuntura. Hoje ainda existe o sistema, mas de forma muito reservada”, falou Dias.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Efeitos do fumo para o bebê são piores do que se imaginava

Filhos de mães que fumaram durante a gravidez correm 40% mais riscos de ter problemas de desenvolvimento. Mães brasileiras fizeram parte do estudo
Fumo aumenta em 40% as chances de recém-nascido ter problemas de desenvolvimento.
“Dada a importância da saúde na primeira infância e do desenvolvimento neuropsicomotor, as intervenções orientadas para reduzir o fumo pré-natal podem resultar em melhorias significativas no desenvolvimento da criança”
George Wehby, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Iowa e autor principal do estudo:
Bebês que nasceram de mães que fumaram durante a gravidez correm mais riscos de enfrentarem atrasos no desenvolvimento neurobiológico do que pesquisas apontavam anteriormente. Publicado no periódico científico Journal of Human Capital, um estudo da Universidade de Iowa, que analisou inclusive mulheres brasileiras, mostra que o fumo aumenta em 40% as chances de um recém-nascido — entre três meses e 24 meses de idade — ter problemas de desenvolvimento. Os efeitos são mais graves entre crianças de famílias mais pobres.
“O estudo destaca os perigos do fumo pré-natal”, disse George Wehby, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Iowa e coordenador do estudo. “Esperamos que ele dê mais destaque para a necessidade de desencorajar as mulheres grávidas a fumar.”
No total, foram estudadas 1.600 crianças de clínicas de saúde da Argentina, Brasil e Chile. Para chegar aos resultados, os pesquisadores perguntaram às mães sobre seu consumo de cigarro. Além disso, eles também fizeram exames neurológicos nas crianças, o que incluiu testes cognitivos, avaliação da comunicação e da função neurológica básica. Aproximadamente 11% das mulheres que participaram do estudo fumaram durante a gravidez.
Segundo os pesquisadores, crianças pobres eram as mais afetadas que as outras porque as mães tinham tendência a fumar mais. “Ter um melhor nível socioeconômico pode compensar alguns dos efeitos adversos de fumar, como por exemplo, a adoção de hábitos mais saudáveis e melhor acesso ao pré-natal”, disse Wehby.
Estudos anteriores já demonstraram as conseqüências do fumo em crianças. Nenhum deles, porém, conseguiu isolar o fumo de outros fatores de risco. Por exemplo, grávidas que fumam também são mais propensas a consumir bebidas alcoólicas e a ter outros comportamentos que são danosos aos bebês.
No estudo, os pesquisadores também levaram em conta as localizações geográficas das mães. Isso foi importante porque o local onde elas moram pode influenciar diretamente no preço dos cigarros e as políticas de fumo.
“Dada a importância da saúde na primeira infância e do desenvolvimento neuropsicomotor, as intervenções orientadas para reduzir o fumo pré-natal podem resultar em melhorias significativas no desenvolvimento da criança”, disse Wehby.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Craqueiras e craqueiros

Não seria mais sensato construir clínicas pelo país com pessoal treinado para lidar com dependentes?
A CONTRAGOSTO, sou daqueles a favor da internação compulsória dos dependentes de crack.
Peço a você, leitor apressado, que me deixe explicar, antes de me xingar de fascista, de me acusar de defensor dos hospícios medievais ou de se referir à minha progenitora sem o devido respeito.
A epidemia de crack partiu dos grandes centros urbanos e chegou às cidades pequenas; difícil encontrar um lugarejo livre dessa praga.
Embora todos concordem que é preciso combatê-la, até aqui fomos incapazes de elaborar uma estratégia nacional destinada a recuperar os usuários para reintegrá-los à sociedade.
De acordo com a legislação atual, o dependente só pode ser internado por iniciativa própria. Tudo bem, parece democrático respeitar a vontade do cidadão que prefere viver na rua do que ser levado para onde não deseja ir. No caso de quem fuma crack, no entanto, o que parece certo talvez não o seja.

No crack, como em outras drogas inaladas, a absorção no interior dos alvéolos pulmonares é muito rápida: do cachimbo ao cérebro a cocaína tragada leva de seis a dez segundos. Essa ação quase instantânea provoca uma onda de prazer avassalador, mas de curta duração, combinação de características que aprisiona o usuário nas garras do traficante.
Como a repetição do uso de qualquer droga psicoativa induz tolerância, o barato se torna cada vez menos intenso e mais fugaz. Paradoxalmente, entretanto, os circuitos cerebrais que nos incitam a buscar as sensações agradáveis que o corpo já experimentou permanecem ativados, instigando o usuário a fumar a pedra seguinte, mesmo que a recompensa seja ínfima; mesmo que desperte a paranoia persecutória de imaginar que os inimigos entrarão por baixo da porta.
A simples visão da droga enlouquece o dependente: o coração dispara, as mãos congelam, os intestinos se contorcem em cólicas e a ansiedade toma o corpo todo; podem surgir náuseas, vômitos e diarreia.
Quebrar essa sequência perversa de eventos neuroquímicos não é tão difícil: basta manter o usuário longe da droga, dos locais em que ele a consumia e do contato com pessoas sob o efeito dela. A cocaína não tem o poder de adição que muitos supõem, não é como o cigarro cuja abstinência leva o fumante ao desespero esteja onde estiver.
Vale a pena chegar perto de uma cracolândia para entender como é primária a ideia de que o craqueiro pode decidir em sã consciência o melhor caminho para a sua vida. Com o crack ao alcance da mão, ele é um farrapo automatizado sem outro desejo senão o de conseguir mais uma pedra.
Veja a hipocrisia: não podemos interná-lo contra a vontade, mas devemos mandá-lo para a cadeia assim que ele roubar o primeiro transeunte.
A facção que domina a maioria dos presídios de São Paulo proíbe o uso de crack: prejudica os negócios. O preso que for surpreendido fumando apanha de pau; aquele que traficar morre. Com leis tão persuasivas, o crack foi banido: craqueiras e craqueiros presos que se curem da dependência por conta própria.
Não seria mais sensato construirmos clínicas pelo país inteiro com pessoal treinado para lidar com dependentes? Não sairia mais em conta do que arcar com os custos materiais e sociais da epidemia?
É claro que não sou ingênuo a ponto de acreditar que, ao sair desses centros de tratamento, o ex-usuário se tornaria cidadão exemplar; a doença é recidivante. Mas pelo menos ele teria uma chance. E se continuasse na cracolândia?
E, se ao receber alta contasse com apoio psicológico e oferta de um trabalho decente, desde que se mantivesse de cara limpa documentada por exames periódicos rigorosos, não aumentaria a probabilidade de permanecer em abstinência?
Países, como a Suíça, que permitiam o uso livre de drogas em espaços públicos, abandonaram a prática ao perceber que a mortalidade aumenta. Nós convivemos com cracolândias a céu aberto sem poder internar seus habitantes para tratá-los, mas exigimos que a polícia os prenda quando nos incomodam. Existe estratégia mais estúpida?
Faço uma pergunta a você, leitor, que discordou de tudo o que acabo de dizer: se fosse seu filho, você o deixaria de cobertorzinho nas costas dormindo na sarjeta?